Um post para Proust: "Só se ama o que não se possui completamente""

Durante os últimos meses estive ausente do blog, pois estava trabalhando (muito) na simpática cidade de Guarapuava, no Paraná. Lá, descobri um sebo super interessante (o único da cidade), mas com ótimos livros de literatura. Encontrei também algumas raridades, o que era esperado já que a cidade tem 201 anos de idade.

Uma das inúmeras aquisições que fiz no sebo foi o interessantíssimo livro de Stéphane Zagdanski, da editora Jorge Zahar Editor, intitulado “O Sexo de Proust”.

Como o próprio título diz, a  tematica do livro é revelar o sexo de Proust. Ao contrário do que todos  dizem, a autora defende a tese de que Proust tem uma alma heterossexual. Para ela, só uma alma heterossexual poderia ter criado Albertine.

Não vou reproduzir trechos do livro, os interessados podem achá-lo em comércios bem menos tradicionais que o simpático sebo de Guarapuava, mas vou publicar o texto da contracapa, pois ele incita qualquer leitor interessado no tema da homossexualidade.

“Que estranha abominação pôde Proust cometer para atrair a raiva e o desprezo de seus contemporâneos?
Montesquieu: “Mistura de litanias e de zombaria”; Gide “Ofensa à verdade”; Cocteau: “Ele não tem nenhum coração”; Lucien Daudet:” É um inseto atroz”; René Boylese: “Uma carne de caça faisande”; marquès de Lasteyrie: “Que gênero pavoroso!”; Alphonse Daudet: “Marcel Proust é o diabo!”; Jeanne Poquet: “Esse biruta do Proust!”; Claudel: “velha judia maquaida…”

É simples, Proust perpretou o mais fabuloso dos crimes, e esse crime tem um nome: Albertine.

Albertine, ou a escritura feita mulher. Albertine, ou a mulher feita lésbica. Albertine, ou a ronda das mulheres enfim radicalmente penetrada, ao longo do tempo e de mãe para filha, pela graça do que é preciso bem nomear, sim, a heterossexualidade na alma do muito glorioso Marcel Proust. ” (Stéphane Zagdanski)

Já eu, Julia Tenório, amo Proust não porque o conheço ou li profundamente, mas porque ele definiu o amor em uma frase que para mim é cada vez mais verdadeira:

“Só se ama o que não se possui completamente” (Marcel Proust)

Pintura de Ralph Bruce. The Titans: O homem que desafiou a morte.Escondido do mundo em uma sala à prova de som, Marcel Proust sentou-se na cama a escrever o livro que viria a torná-lo famoso: Em busca do tempo perdido.


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