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Costumes

Masturbação:culpas, pecados e blá blá blá

Tão antiga quanto a própria humanidade, a masturbação é praticada pela maioria dos homens e das mulheres durante grande parte de suas vidas.

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Considerando alguns pedidos; o fato de que ainda não havia falado sobre este tema (diretamente), e, ainda, o excelente material  que descobri sobre o assunto, resolvi transcrever os itens mais relevantes de um livro que chegou em minhas mãos recentemente – AMAR: A realidade sobre a vida sexual. Editora Abril. 1977 –  devido a data da publicação vou intercalar os estudos apresentados pelo livro (que estarão em itálico) com algumas impressoes e observações que tive ao pesquisar sobre o tema na Internet, acho que pode dar um diálogo legal. Aceito sugestões para o próximo post que será continuação do tema.

Masturbação

A palavra masturbação- citada pela primeira vez pelo poeta Marcial, no século I d.C – tem conotação acentuadamente negativa, pois deriva de “manu” e “strupare”, que significa “sujar com as mãos”.

A maioria das pessoas sente-se envergonhada e culpada por se entregar à masturbação. Alem disso, há o receio infundado de que esse ato solitário provoque toda sorte de distúrbios físicos e mentais.

E, mesmo com as inúmeras confissoes que temos hoje na Internet, observa-se um grande número de questões e dúvidas sobre o ato, encontrei vários fóruns discutindo se masturbação é pecado ou não. Mas porque esse tipo de discussão ainda hoje?

O sentimento de culpa decorrente da masturbação tem várias fontes. Uma das principais é de ordem moral e se baseia, sobretudo, na tradição judaíco-crista. Essa tradição religiosa, que influenciou todo o pensamento ocidental, sempre se posicionou contra a masturbação.
Toda sorte de discursos se ocuparam do tema, tornando a masturbação uma prática a se evitar.  Por trás dessa idéia está a crença religiosa de que o sexo só deve servir para a procriação, logo, masturbar-se levaria a um ato pecaminoso e desnecessário voltado apenas para o prazer físico.

Além de se sentirem culpadas, as pessoas que se masturbam, em sua maioria, sofrem com a idéia de que esse hábito prejudica a saúde. As consequências dessa ansiedade se manifestam, em maior ou menor grau, tanto em crianças como em adolescentes e adultos. Forçados a enfrentar o problema, pais e educadores muitas vezes não sabem como abordá-lo, tolhidos por preconceitos ou pela falta de informações.

Além do sentimento de culpa, há outras razões que podem levar uma pessoa a evitar a masturbação, ou, pelo menos, a praticá-la com menos frequência. Muitas mulheres, por exemplo, recusam-se a adotar esse hábito por sentirem-se diminuídas ao obterem um orgasmo exclusivamente pela estimulação do clitóris. Essa preocupação aponta para uma acentuada pressao cultural que diz que o orgasmo verdadeiro é aquele obtido na relação sexual com o parceiro, o orgasmo solitário não é saudável, a mulher que se masturba não é capaz de se satisfazer com o parceiro, etc…

No entanto, muitas pesquisas já indicaram não haver qualquer relação significativa entre a frequência de masturbações e o número de coitos praicados pelas mulheres entrevistadas; ou seja, o fato de elas se masturbarem não diminui seu interesse pela atividade sexual.

A Masturbação é prejudicial?

Segundo o ponto de vista médico atual, não há relação entre a masturbação e as doenças de qualquer espécie. Portanto, muitas das preocupações e medos  – manifestados como: o fato da masturbação impedir a gravidez, fazer crescer mamas nos homens, prejudicar a relação sexual com o marido, provocar um desenvolvimento exagerado da vulva ou diminuição do pênis – são totalmente infundadas. Mas a força das crenças populares e de mitos criados pela própria medicina alimentaram grande número desses medos que aparecem na fala de diferentes sujeitos até hoje.

Até o ínicio do século XX, muitos médicos acreditavam que essa atividade “enfraquecia” as pessoas, provocava doenças e até produzia insanidade mental se praticada em excesso. Essa crença se originou, aparentemente,  da observação de doentes mentais que se masturbavam nos manicômios. Os médicos da época não se deram conta de que aqueles pacientes, por estarem internados, não tinham outras alternativas para aliviar sua tensão sexual, a nao ser por meio da masturbação. Contudo, as observações médicas levaram à conclusão de que tinha sido ela a causa da demência daqueles pacientes. Tratados médicos do século passados continham descrições minuciosas de outras “horrorosas consequências” supostamente provocadas pela masturbação: tuberculose, verrugas e pêlos nas mãos, acne, perturbações digestivas, esterilidade, cegueira, crianças defeituosas, dores de cabeça, prblemas nos seios, anomalias genitais, doenças renais e outros distúrbios.

Para encerrar essa discussão inicial, observe a imagem do famoso quadro Philippe Pinel e as Loucas, de T.R.Fleury, Paris.

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Quais seriam os novos conceitos sobre a masturbação? continua no próximo post.

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