Arte

Striptease Integral: cada um com seu orgasmo!

Eu adoro as exposições eróticas e, também, as exposições que tratam da sociedade e da sexualidade.  Gosto é gosto, como diz Ben Vautier na obra abaixo:  Chacun sa vie, chacun son orgasme (Cada um com sua vida, cada um com seu orgasmo).

ben_vautier

Pena eu não poder frequentar os museus franceses, ingleses, brasileiros…
Infelizmente, por variados motivos, só tenho podido visitar os museus pela internet,  o que já  é  um consolo (artístico, fique claro!).

A exposição da vez, aquela pela qual eu daria um quilo de pensamentos íntimos, é a “Striptease Integral”, consagrada à obra de Ben Vautier, artista do século 20, conhecido por suas performances, instalações e pinturas. O Museu de Arte Contemporânea de Lyon expõe mais de 1000 obras que representam 50 anos de criação de Ben, desde suas primeiras reproduções até os anos mais recentes.

Entre as várias temáticas está, evidentemente,  o sexo. Tema imprescindível para um artista sensível! Mas ele também aborda temas como  como bananas, ego, gestos, etnias, verdade etc.

Com vídeos e peças elaborados especialmente para a ocasião, a exposição foi reconhecida de “interesse nacional” pelo ministério da cultura e da comunicação francês, tendo recebido apoio financeiro especial do Estado.

Eu diria que, mesmo virtualmente, a visita à exposição é gratificante. Até para os que não falam francês. O museu está repleta de signos visuais e verbais e, mesmo nas peças que não falam sobre sexo, vemos a força da reflexão do artista sobre a sexualidade e a sociedade.

Por isso, fiz questão de traduzir uma poesia “demi hard” do artista (desaconselhável para menores de 45 anos), um consolo (poético, fique claro!) para aqueles que, como eu, não poderão voar até Lyon imediatamente.  C´est la vie!

Você quer saber
eu não sou impotente.
Quando eu tiro ele mede 22 cm
de vez em quando ele fica muito duro.
Eu tenho um defeito:
falo muito na cama.
Eu não sou gay, apesar de desejar
mais facilmente um grande pênis do que um clitóris.
Eu não sou sado, eu não suporto, quando vejo na tv,
um homem fazer mal a uma mulher.
Eu posso ser um pouco exibicionista,
um galo de pênis.
Nada a esconder tudo a declarar.

Ben Vautier

Ben, « strip tease intégral »
Até 11 de Julho de 2010, no Musée d’art contemporain de Lyon.

Arte

Oh! sejamos pornográficos

A minha volta às aulas de teatro (que eu havia abandonado há tempos atrás) me fez recordar muitos poemas e poesias, bem como lembrar o encantamento que sempre tive pelo poeta Drummond.

Juntando o teatro, a poesia, o meu blog sobre sexo e cultura e, ainda, os loucos acontecimentos que vivenciamos todos os dias, reavivo aqui o poema deste ilustre poeta “em face dos últimos Acontecimentos

Oh! sejamos pornográficos

(docemente pornográficos).
Por que seremos mais castos
que o nosso avô português?

Oh! sejamos navegantes,
bandeirantes e guerreiros
sejamos tudo que quiserem,
sobretudo pornográficos.

A tarde pode ser triste
e as mulheres podem doer
como dói um soco no olho
(pornográficos, pornográficos).

Teus amigos estão sorrindo
de tua última resolução.
Pensavam que o suicídio
fosse a última resolução.
Não compreendem, coitados,
que o melhor é ser pornográfico.

Propõe isso ao teu vizinho,
ao condutor do teu bonde,
a todas as criaturas
que são inúteis e existem,
propõe ao homem de óculos
e à mulher da trouxa de roupa.
Dize a todos: Meus irmãos,

não quereis ser pornográficos?

Poema: Em face dos últimos acontecimentos
Poeta: Carlos Drummond de Andrade

Arte

NEA: Sextoy para o clitóris?

Se o clitóris é o nosso querido desconhecido e, ao mesmo tempo, nossa conhecida fonte de prazer, nada mais sensato que criar um sextoy para ele, não é?

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Só na semana passada, quando ganhei de presente o lindíssimo NEA, da Lelo, que comecei a reparar como existem poucos brinquedos eróticos voltados para esse tipo de estimulação.

Delicado e com design muito bonito o NEA nos faz relembrar que a atividade sexual, seja ela solitária ou não, pode ser algo sensível e delicado, afastando qualquer ideia de apelo “mais pornográfico” e deixando de lado o comum apelo que relaciona o ato sexual exclusivamente ao “falo”. Já notaram que a maioria dos vibradores possuem esse apelo?

Para os mais criativos, o produto pode ser usado a dois e em outros lugares do corpo, mas sua função principal é a estimulação do clitóris, o que pode ser alcançado através de um dos 5 modos de estimulação deste pequeno objeto de prazer. Com dois botões que controlam a intensidade você pode experimentar cinco diferentes frequências de estímulo.

A Lelo possui outras “preciosidades” eróticas, se quiser conhecer os discretos e luxuosos produtos é so entrar no site: www.lelo.com

Atualidade

Com a luz acesa ou apagada?

Quem ainda não visitou o site da Blowtex (empresa especializada na fabricação de produtos de saúde), precisa dar uma “espiadinha”.

Na semana passada eu recebi um kit muito legal da empresa, com camisetas, camisinhas e outros itens. Já na embalagem (uma caixinha em preto e branco) nos deparamos com a proposta presente no site da marca, inspirada na famosa pergunta: “com a luz acessa ou apagada?”

blowtex

A empresa faz uso da pergunta para desenvolver várias idéias em torno do tema “sexo”, oferecendo conteúdo atrativo que chama a atenção não apenas para o produto, mas para a forma de usá-lo, promovendo o debate e a diversão entre temas afins.

O público pode navegar no site com a luz acesa, e terá acesso a informações sobre os produtos da marca, vídeos e outros pontos relacionados diretamente ao produto e, ainda, poderá participar de promoções e concursos culturais…

Se preferir navegar de luz apagada, a área é restrita ao público adulto e contém informações mais “safadinhas” sobre sexo e prazer. Nesta área você poderá participar do jogo “sua máquina de sexo aleatória”, que apresenta como resultado: uma posição, um lugar e uma camisinha.

Gostei! divertido, criativo e informativo.

E você? Quer fazer uma visitinha com a luz acesa ou apagada?

Arte

Sexy Art Gallery: a galeria "provocatrice"

A Sexy Art Gallery foi fundada por Zaki Silverman (33) e Shiren E. Silverman (31) e  “tem como missão: defender e promover a apreciação e o consumo da arte sexy”.

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A bela dupla pretende fazer a ponte entre os artistas e os potenciais clientes de todo o mundo.

O empreendimento se baseia “na premissa de que a arte sensual e provocante pode estimular uma atmosfera positiva onde quer que seja colocada, e, pode temperar, potencialmente, a vida de pessoas criativas, inteligentes e sexualmente sofisticadas”.

Os trabalhos da galeria abrangem uma ampla gama de gêneros artísticos:  fine-art, surrealismo pop, fetiche, erótica, fantasy, pop art, gótica, pin-up, sexy, street art e kitsch.

Os curadores apresentam peças de altíssima qualidade e criatividade, frutos da seleção realizada por Zaki e Shirem, que viajaram por várias partes do mundo, conheceram diferentes culturas e sub-culturas, e, viram na arte sexy e erótica uma bela oportunidade de trabalho, lazer e descobertas.

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A “viagem” online é bastante interessante. Entre os inúmeros artistas apresentados, o visitante poderá conhecer, por exemplo, a formidável arte com bonecas, realizada por Beatrice MORABITO.

Beatrice é uma artista italiana, que começou a tirar fotos por prazer, e acabou se tornando uma artista reconhecida, com exposições na europa e em revistas de arte, moda e publicações eróticas. Ela acredita que “o jogo” que realiza com as bonecas permite com que ela expresse suas emoções através dos gestos da boneca. Para ela, é interessante pensar que ela e as bonecas se confundem uma com a outra.

Para visitar a galeria e conhecer outros artistas acesse: Sexy Art Gallery (em inglês)

Arte Atualidade

Spencer Tunick fotografa na Gay and Lesbian Parade

O fotógrafo Spencer Tunick, conhecido mundialmente por suas fotos de nudez, realizou seu último feito na  Gay and Lesbian Parade Mardi Gras da Austrália, que este ano começou no dia 19 de fevereiro e terminará dia 7 de março, com cerca de 5.000 modelos nus, em frente a Ópera de Sydney.

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Spencer é convidado, frequentemente, para participar de causas humanísticas (Greenpeace, combate à AIDS) e agora exerceu o seu talento na Parada Gay e Lésbica australiana.

Segundo o fotógrafo, “Os homossexuais estavam deitados lado a lado, nus. Isso mostra ao mundo que os australianos estão fortemente empenhados na construção de uma sociedade livre e igualitária.”

Tunick é americano, nasceu em Nova Iorque, em 1967. No início de sua carreira seus modelos eram os amigos, que posavam para as fotos de madrugada, para evitar problemas com a justiça.

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Ele afirma que a nudez em suas obras não tem por objetivo excitar ou provocar uma emoção erótica no espectador, embora alguns possam sentir algum tipo de excitação.  Os modelos são geralmente muito diferentes, pequenos, grandes, gordos e magros e não oferecem, geralmente, nenhuma beleza particular.

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Tunick busca com suas imagens mostrar, antes de tudo, uma espécie de arquitetura humana, expondo a fragilidade do homem diante da natureza (como nas fotos do Greenpeace), ou enfatizando o contraste entre o homem e seu entorno…

Para conhecer algumas das obras de Spencer Tunick acesse sua Web Gallery em www.artnet.com, ou visite o site do fotógrafo www.spencertunick.com

Atualidade

Não, não para!

A partir de hoje passo a assinar, também, uma coluna em outro site de conteúdo adulto. Obviamente, serão artigos diferentes dos que público por aqui, mas também terão foco na relação sexo-cultura.

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Bruna Surfistinha, Syang, Fernanda Lizardo (Sexto Sexo), Alê Félix, Barong, David Cardoso, Lourdes Hernandez, Tatiana Presser (Sexpert) e eu, Julia Tenório (SexoCult), estamos agora reunidos no site: Não, não para…

O site, idealizado e organizado por Alê Felix, Syang e Bruna Surfistinha, tem como objetivo produzir conteúdo adulto voltado para mulheres. Então, mulheres, mais um canal com conteúdo informativo, cultural e apimentado!

Visite-nos!  www.naonaopara.com.br

Arte

O sexo feminino através dos tempos

Ao fazer algumas pesquisas, para uma futura peça sobre erotismo, descobri o blog Des Sens. A autora mescla seus artigos com “novidades”, mas também há muitos posts que resgatam a história feminina através dos tempos, principalmente através de obras de artes, como pinturas e esculturas. Vale a pena ver alguns artigos.

Recomendo, particularmente, os posts :

Le sexe féminin au travers des siècles 111

Le sexe féminin au travers des siècles 22

Le sexe féminin au travers des siècles 33

Arte

Lilith: A mulher-bruxa do ato fundante

O SexoCult conta com uma nova categoria: “convidados”.  Nela serão publicados os textos que recebo por e-mail e, também, artigos de outros autores-pesquisadores, que convidarei para escrever por aqui…, iniciamos a nova sessão com o excelente texto de Kátia Alexsandra dos Santos*.

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Tratar da mulher implica tratar de mim mesma e isso imprime um tom essencialmente confessional ao que me proponho a escrever. O faço ao som de mulheres (Adriana Calcanhoto e Rita Lee) que também me acompanham, inspiram e compartilham comigo da mesma dor e gozo: a de ser mulher. Vendo que não há como fugir, cabe aceitar essa condição, afinal, como já afirmou Virgínia Woolf, “os escritos de uma mulher são sempre femininos; não podem deixar de sê-lo; quanto melhor, mais feminino; a única dificuldade é definir o que entendemos por feminino”.

Quando pensamos (e aí reúno homens e mulheres como um todo) em “mulher” logo nos vêm à cabeça as várias dicotomias que compõem esse signo: frágil/ forte, mãe/amante, submissa/decidida, boa/má, etc. Isso ocorre porque a mulher realmente se constituiu enquanto significante numa relação dicotômica. Partindo de uma bissexualidade, a mulher carrega em si ainda muitos atributos de natureza masculina, que se aliam e incorporam aos de natureza feminina, enquanto para o homem isso é vedado.

O mito de Lilith, a mulher bruxa, serpente, nos remete ao conceito da não-mulher, ou da mulher fora dos padrões cristãos: a mulher traidora, a mãe má, devoradora, sensual, perigosa. É justamente essa feminilidade exacerbada que não é aceita pela sociedade, já que construída a partir da ótica masculina e cristã. Desde sempre, sobretudo pela influência do Cristianismo, temos a figura da mulher constituída a partir de um modelo de submissão, virgindade e maternidade, materializada na figura da Virgem Maria. Lilith é o inverso, a subversão a esse modelo.

Vejamos o que nos diz o mito de Lilith, a “lua negra”:

“Deus criou Lilith, a primeira mulher, do mesmo modo que havia criado Adão, só que usou sujeira e sedimento impuro em vez de pó ou terra. Adão e Lilith nunca encontraram a paz juntos. Ela discordava dele em muitos assuntos e recusava-se a deitar debaixo dele na relação sexual, fundamentando sua reivindicação de igualdade no fato de que ambos haviam sido criados da terra. Quando percebeu que Adão a subjugaria, proferiu o nome inefável de Deus e pôs-se a voar pelo mundo. Finalmente, passou a viver numa caverna no deserto, às margens do Mar Vermelho. Ali, envolveu-se numa desenfreada promiscuidade, unindo-se aos demônios lascivos e gerando, diariamente, centenas de Lilith ou bebês demoníacos.” (BLAK KOLTUV, O Livro de Lilith In: Schmidt: 1997, p. 94.)
Lilith seria, pois, a mulher originária, anterior à própria Eva e, por isso, ainda mais subversiva. Eva nasce da costela de Adão, portanto já de material diferente e é destinada ao homem, daí sua posição submissa original; é criada tão somente para fazer companhia a Adão e servir-lhe. Contudo, ainda se configura como a “perdição” do homem, tendo em vista que é a “culpada” pelo pecado original.

A nossa personagem parece ter sido muito pior e talvez por isso tenha sido banida da “história” dando lugar a Eva, mulher mais amena. Em algumas civilizações o mito de Lilith sobreviveu e ainda sobrevive como símbolo da mulher em seu aspecto mais perigoso, ameaçador, malévolo. Lilith encarna um dos lados da nossa feminilidade. Ela reivindica sua posição de igualdade perante o homem e, não sendo atendida, volta-se contra ele, aliando-se às forças do mal. A continuação do mito nos conta que Adão fica totalmente perplexo com a perda de sua companheira e nutre por ela um sentimento de amor e ódio. O desprezo de Lilith ao primeiro e único homem é que confere o seu poder e sua simbologia de contrariedade ao patriarcalismo.

Lilith é bela, sedutora, encarna em si a pura sexualidade, da qual o homem não consegue fugir. Assim, a mulher-bruxa enreda o homem em suas armadilhas sexuais, mentindo uma submissão, tornando-se objeto para depois aprisioná-lo. É isso que fez Lilith, deixando Adão em total desespero e negando-se a voltar para ele. Diz a lenda também que nossa personagem gera vidas e as mata, come seus filhos (machos) como se quisesse literalmente tomar para si o falo que lhe foi negado. As experiências sexuais de Lilith com demônios são encaradas como “promiscuidade”, o que nos dá a noção exata de até onde pode ir uma mulher. O constructo social de mulher íntegra, moral, aplica-se sobretudo ao aspecto sexual, lugar do poder feminino e, por isso mesmo, do seu maior interdito.

Lilith retorna encarnada em toda mulher que, sendo mulher, não consegue ou não deseja entrar na lógica do desejo masculino, não se contenta e não se permite ser “apenas” dona-de-casa, mãe, esposa fiel e submissa. Lilith é também Medéia, a mãe que mata os próprios filhos da tragédia grega, é Medusa, é Morgana, a bruxa das lendas de cavalaria, enfim, todas as personagens que, escritas por homens, reavivam o mito da mulher do ato fundante.

* Kátia Alexsandra dos Santos é professora de Linguística e Análise do Discurso da UNICENTRO-PR. Autora da Dissertação de mestrado A Heterogeneidade do discurso feminino: mulher-efeito e seus desdobramentos.

Atualidade

Dominação!

Para as mulheres manipuladoras e dominadoras, o site da marca Wrangler (para homens) oferece (em sua nova jogada de marketing) um jogo que consiste em despir e manipular os gestos do modelo… avisem as amantes da dominação!

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